segunda-feira, 30 de março de 2009

Quando crescer (por outro autor)


Da macieira nascem maçãs.

Da bananeira nascem bananas às pencas.

Da canguru nascem (adivinha?) canguruzinhos.

De cada semente uma planta, de cada receita uma janta.

Antes de nascer já se sabe o que vem, antes de brotar já se adivinha no que vai dar.

Não tem surpresa, não tem mistério, não tem desculpa.

A cadelinha não pare porco, nem a vaca vai parir galinha.

Mas com gente é complicado, com gente não é bem assim.

Por isso eu te olho tonto e te entendo pouco quando você pergunta o que eu vou ser quando crescer.

E eu vou saber? Ninguém veio me dizer o que eu vou ser quando crescer. Não sei se vou ser o cozinheiro ou o prato, a face ou o tapa, o que afasta ou o que abraça.

Não sei se já tive minha quota, não sei se o melhor está por vir, se é só o começo ou se é quase o fim.

Não sei dizer o que você quer saber, o que vou fazer, que bicho vai dar. Hoje mesmo, nessa exata hora, não faço idéia do que vou ser quando crescer. Não tenho a menor pista de como isso tudo vai acabar.


Maurilo Andréas


Assino em baixo:
Marianne Moraes

terça-feira, 24 de março de 2009

Ao vivo foi realmente um Show!!!!

É o Que Me Interessa
Lenine


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o teu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa
A frase do final do show é: "preciso escutar mais Lenine"!
Show Lenine: 13/03/2009

domingo, 22 de março de 2009

Música pra não enlouquecer... Arnaldo Antunes pra descontrair!!!

Música Para Ouvir

Música para ouvir no trabalho
Música para jogar baralho
Música para arrastar corrente
Música para subir serpente
Música para girar bambolê
Música para querer morrer
Música para escutar no campo
Música para baixar o santo
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para compor o ambiente
Música para escovar o dente
Música para fazer chover
Música para ninar nenê
Música para tocar novela
Música de passarela
Música para vestir veludo
Música pra surdo-mudo
Música para estar distante
Música para estourar falante
Música para tocar no estádio
Música para escutar rádio
Música para ouvir no dentista
Música para dançar na pista
Música para cantar no chuveiro
Música para ganhar dinheiro
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para ouvir
Música pra fazer sexo
Música para fazer sucesso
Música pra funeral
Música para pular carnaval
Música para esquecer de si
Música pra boi dormir
Música para tocar na parada
Música pra dar risada
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para ouvir
Composição: Arnaldo Antunes

quarta-feira, 11 de março de 2009

Poeta!!!!!!!!!!


Futuros Amantes
Chico Buarque

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você


Pequeneza para gente grande!



Assistir BBB de vez enquando pode ser bom!

Ontem o Bial me lembrou da história que mais me emocionou até hoje...

O autor Antoine de Saint-Exupéry no princípio da obra pede desculpa às crianças, mas precisa dedicar seu livro a gente grande, eu li de pequenina e li de quase gente grande, vou ler ainda algumas vezes e cada vez vou achar uma coisa diferente.

O questionamento do Bial ontem foi tão inovador quanto surpreendente!

Pelo autor: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

Por tal apresentador: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que CULTIVAS".

Me atrevi a lembrar da frase de meu amigo : "Conquistar todo mundo quer, mas (...) não sabe que tem que conquistar todo dia"!

Frase de Flor no livro: "É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas"...

Descrição de flor:

Ela começou a crescer, parecia vir do nada. Ficou horas se arrumando e ajeitndo suas pétalas... E é linda! Mas também orgulhosa, caprichosa e contraditória.

O Pequeno Príncipe apaixona-se e vive para atender aos caprichos: um lanchino, um para-vento, uma redoma. Mas ela nunca está satisfeita e nosso herói decide partir.

Embora pareça contraditória, entre caprichos e sabedoria, a rosa é extremamente feminina e sedutora e por isso cativa o coração do principezinho.

(...)

Mas não respondeu à minha pergunta. E disse:
— O que é importante, a gente não vê ...
— A gente não vê ...
— Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.
— Todas as estrelas estão floridas.
— Será como a água. Aquela que me deste parecia música, por causa da roldana e da corda... Lembras-te como era boa?
— Lembro-me...

(...)

Se arrisque, leia! A sensação é cada vez mais profunda! Aprendendo com Principezinhos!!!!!

domingo, 8 de março de 2009

Correnteza



E então me deixo ser levado pela correnteza das horas. Embrulhando-me em minhas mil personalidades e me maravilhando com as mil faces do mundo. É o meu refúgio.
É o meu modo de ser, outrora questionado por seu olhar de metralhadora. Estou cansado desse pedestal. Já é mais do que hora de descer. Cansei de receber concretos fortes e ásperos enquanto armo delicadamente minhas palavras. Os ovos já estão todos quebrados. Não há mais galinha que consiga sobreviver a esse naufrágio de palavras. A verbalização destrói os sentimentos.
Não pense que quero esquecer as horas que ganhei infiltrando-me em pensamentos profundos e tentando tirar conclusões sobre os mesmos. Apenas não quero exigir de tais conclusões uma verdade pura e simples.
Tudo é muito complexo, tudo cai em uma teia de pensamentos embaralhados e palavras mentirosas soltadas ao vento de ambos os lados. A minha língua, muitas vezes afiada, enferruja-se e se estende como um tapete vermelho para que você passe. Para que você volte para casa sem os arranhões das minhas palavras desajeitadas. (...)
Deixe que eu me perca na minha correnteza errante, talvez um dia eu me encontre. Ou talvez não exista nada para se encontrar. Continue navegando com a coragem de sempre (...)


Correnteza
Djavan

A correnteza do rio
Vai levando aquela flor
O meu bem já está dormindo
Zombando do meu amor
Na barranceira do rio
O ingá se debruçou
E a fruta que era madura
A correnteza levou, a correnteza levou
A correnteza levou
E choveu uma semana e eu não vi o meu amor
O barro ficou marcado
Aonde a boiada passou
Depois da chuva passada céu azul se apresentou
Lá à beira da estrada, vem vindo o meu amor
A correnteza do rio
Vai levando aquela flor
E eu adormeci sorrindo
sonhando com nosso amor

Composição: Tom Jobim e Luiz Bonfá