É o meu querido irmão Marcelo quem faz a família cantar o Parabéns mais alto que já ouvi. “Agora é hora de cantar com força e espantar o que há de ruim”, costuma dizer. Já perdi a conta das festas em que ele reuniu todos à minha volta e celebrou, com o isqueiro fazendo as vezes de vela e bolo, o meu aniversário. Também é a ele, com sua estatura, humor e violão de domingo, que a gente dirige o olhar nas poucas oportunidades onde todos se encontram. Marcelo carrega o elo.
Por isso é engraçado quando as pessoas que apenas o conhecem na figura do artista vêm falar sobre seu isolamento, sua timidez e estranheza. Não que ele não seja isolado, tímido e estranho. Às vezes, alcançar o universo dele é difícil e, por trás da alegria com a qual estou habituado, enxergo uma pessoa profundamente só. Quase sempre só. E isso confunde, porque, embora tenhamos uma intimidade irmã, existe esse muro (um mundo) que nos separa. Pois esse CD me ajudou a atravessar tudo e – tão exposto – Marcelo está agora bem perto. (...)
Por isso é engraçado quando as pessoas que apenas o conhecem na figura do artista vêm falar sobre seu isolamento, sua timidez e estranheza. Não que ele não seja isolado, tímido e estranho. Às vezes, alcançar o universo dele é difícil e, por trás da alegria com a qual estou habituado, enxergo uma pessoa profundamente só. Quase sempre só. E isso confunde, porque, embora tenhamos uma intimidade irmã, existe esse muro (um mundo) que nos separa. Pois esse CD me ajudou a atravessar tudo e – tão exposto – Marcelo está agora bem perto. (...)
Por: Thiago Camelo
05/11/2008 no Palácio das Artes
Cara Estranho
Olha lá, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém
Tem tudo sempre às suas mãos
Mas leva a cruz um pouco além
Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem
Olha ali quem tá pedindo aprovação
Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Periga nunca se encontrar
Será que ele vai perceber
Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder
Talvez se nunca mais tentar
Viver o cara da TV
Que vence a briga sem suar
E ganha aplausos sem querer
Faz parte desse jogo
Dizer ao mundo todo
Que só conhece o seu quinhão ruim
É simples desse jeito
Quando se encolhe o peito
E finge não haver competição
É a solução de quem não quer
Perder aquilo que já tem
E fecha a mão pro que há de vir
Composição: Marcelo Camelo
Nenhum comentário:
Postar um comentário